Problema de Expressão: December 2008

Thursday, December 18, 2008

Mundo de Estrelas


[Uma criança inocente perdida no mundo das Estrelas]

Monday, December 15, 2008

Espelho


Olha para o espelho, ele conhece-te melhor que tu próprio e sabe quais as arestas a limar. Revira os olhos, saliva, sorri, grita, cospe. Ele persegue-te e por mais embaciado que esteja consegue definir os contornos do ser que tu não entendes. Deslocas-te com velocidade, olhas para trás desconfiado, respiras ofegante e sabes que a próxima saída vai estar fechada com os teus medos. Mudas de caminho e corres até sentires os músculos pedirem perdão por não acompanharem a raiva da tua mede. Quando cais sem conheceres o local em teu redor pensas que a fraqueza avistada no espelho foi mais forte e que te corroeu por completo.

Com a pele das mãos arranhada e o olhar turvo pela queda, sentes o odor frio da terra e associas a falta de vida ao teu Eu. Sentes que não poderás avançar mais e que a folha verde que vês ao longe não te pertence. Passam por ti, pisam-te os dedos das mãos feridas e por retaliação sofres em silêncio, engolindo o gemido da dor. Tentas rastejar, mas sentes-te preso pelas raízes da terra que teimam em puxar-te para baixo e a sufocar-te. Deixas de acreditar que vai ser possível, sentes o atrofio das veias e o teu sangue gela pelo arrepio da solidão. Como última prova de desespero deixas escapar a lágrima mais humilhante que te percorre o rosto como uma faca aguçada, cheia de mágoa e pronta a perfurar-te. Respiras lentamente. respiras… respiras… lentamente…

A lágrima toca na terra que há segundos te quis desfazer e faz-te abrir os olhos. Recuperas a visão e, apesar da proximidade com o vulto verde, consegues decifrar o desenho da folha verde que toca o teu rosto e que viste ao longe quando caíste. Sentes o músculo da boca a querer despertar e levantas a cabeça em direcção ao sol, sentindo em simultâneo o rasgar do sorriso. Entendes que nem tudo depende de ti e que a Força maior vem quando mais precisas. Num impulso animal, levantas-te do chão, olhas em frente, limpas o sangue das mãos feridas e respiras o céu com tanta força que te tornas na Liberdade. Com a folha verde bem apertada na tua mão corres com um destino planeado. Chegas até ao espelho, beijas a folha para te apropriares da energia da natureza e pensas em voz baixa para ti “vais ser feliz”. Agora ris em voz alta e partes o espelho em centenas de fragmentos. Juntas agora os pedaços que desejas e constróis a tua vida, a tua realidade, o teu Eu. A felicidade é tua.

Thursday, December 11, 2008

Prova de vida


Anos passados, lágrimas contidas, dor visível, alegria contagiante. Um resumo do que o tempo provocou em mim, um resumo do que a vida vincou no meu ser, um resumo do que não quero viver, mas vivo porque nasci da alma da força. Retomo as palavras que outrora serviram para apaziguar as inquietações e exteriorizar o que pela fala não se fazia ouvir. Hoje as palavras ganham novo significado, porque quem escreve tem um novo conceito do mundo – onde as lágrimas não assustam, onde o amor incondicional existe, onde o sorriso é o elixir da eterna força, onde a dor é transformada na motivação de chegar à felicidade, onde a Estrela movimenta as pedras para que se caminhe em paz.

Com a Estrela aprendi a viver e a conhecer os recantos mais bonitos da existência humana, onde a realidade deixa o físico e assume os contornos invisíveis da sensação de tarde ventosa e de odores fortes a maresia. Com rosto ao vento, sob o penhasco da praia e perante o olhar da Estrela, agradeço o ensinamento de que viver feliz é uma opção. Aprendi com a Estrela que está nas minhas mãos ver o sorriso dentro das circunstâncias difíceis da vida e ouvi-a dizer que juntos fomos os guerreiros que deram uma prova de vida e não de morte. Eternamente teu, minha Estrela.
Agora deixo-me fluir pelas variações do tempo, sem sinais da criança inocente do passado que idealizava ver para sempre a flor de cor garrida. Consciente dos percursos sinuosos da existência, habito meu corpo com uma tranquilidade desorientada. Recebi os impulsos da Estrela para seguir o rumo que assim desejou para mim em mais de 24 anos. Conhecido o anjo enviado, sinto a bênção dos céus que de escuro nada têm. Com luz intensa, formas desenhadas com suavidade e de textura aveludada, o céu que trouxeste até mim tem um encanto especial, por ti, por mim, por Nós e pela Estrela. Porque vieste? Porque aceitaste a missão de me conquistares? Porque te entregaste sem nada pedires?... Sim, deixei a inocência da criança, mas não o questionamento do mundo.

Fazes parte do meu novo mundo em que estou exposto pela exaltação dos meus sentimentos, sejam eles alegres ou triste. Tu és o garante dos primeiros, em que o sorriso rasga o meu rosto e solta a fragrância da vida que nos envolve. Ainda por explorar, por viver, por sentir, peço-te que me toques para sempre daquela forma em que as nossas almas se fundem. Beija-me.